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Polly é uma das maravilhas a serem descobertas nessa série e esse episódio foi um exemplo disso. Esse papel de matriarca invencível, segura de seu espaço e disposta a tudo pela família e por ela mesma a faz igual a Tommy, em todos os sentidos. A oração que faz pelos irmãos, terminando na prece pelo líder poderia ser pra si mesma se estivesse na posição dele. Está muito além da mãe que perdeu os filhos para os poderosos e por isso alimenta um rancor que parece irrevogável diante de qualquer elite (mesmo sabendo que, a seu modo, também integra uma), o que deixa transparecer diante de Grace, plenamente consciente e sem nenhum receio de dizer exatamente quem é e o que determina. Assume as responsabilidades que lhe cabem diretamente e as que não. E de muitos modos não foi apenas Ada que parou a guerra, foi ela. Porque sabia exatamente quais armas usar e qual ferida abrir para fechar outras. É nesse passo que a atuação de Helen McCrory faz jus à personagem na cena em que diz a Tommy que haverá outras. Ela desacredita completamente do que diz e os dois sabem disso. São cúmplices, como em tudo.
Tommy é mesmo o líder no qual se confia inteiramente. É impressionante como consegue resolver os conflitos e ainda assegurar satisfação e orgulho à família que consegue manter unida diante de um propósito tão ousado, inclusive quando decide pelejar para baixar de vez as armas (e não podemos culpá-lo por acreditar nisso... ele é o homem cansado das pás, afinal).
No mais, espero que esse não seja o fim de Grace e Peaky Blinders use novamente o lugar-comum que boa parte de nós gostaria de ver (e não aquele mais desagradável, do anti-herói solitário que só encontra a tristeza conformada no fim do dia). Por agora, só podemos ter a certeza de que Chester continuará ali, por não suportar ter sido trocado pelo criminoso à margem da sociedade que conseguiu despertar o amor na sua cobiçada Grace. Ele serve pra exemplificar a maldade dos poderosos que Polly tanto odeia. Talvez, no fim das contas, caberá a eles o enfrentamento.
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