Mindhunter by

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Episodio 1x1 - Nota 9 2017-10-16 14:56:08

Entre tantas séries de investigação aparecendo e reproduzindo lugares-comuns, apostando na construção de personagens mais profundos e protagonizando-os, ao invés dos crimes e dos criminosos (o que não é ruim necessariamente, pelo contrário, rende coisas muito boas), é bom nos depararmos com Mindhunter e esse apego ao clássico, à questão pensada em sua raiz, a partir da mente dos criminosos e, mais que isso, como agentes externos acabam por provocar reações nos indivíduos, de formas diversas e razões mais diversas ainda. Ansiosa pra ver como vão inserir as questões sobre individualidade e autonomia nesse contexto, embora toda essa contextualização já seja bem satisfatória e insinue muita profundidade à narrativa. Esse início fez lembrar tudo o que Masters of Sex prometia ser (espero que não siga pelo mesmo caminho de decaída), nessa atenção a como os estudos e experiências acadêmicas colaboraram para reencararmos questões encerradas em um senso comum de muito apego à formação religiosa, travestida de pseudociência.

Episodio 1x1 - Nota 9 2017-10-19 11:53:58

torcendo bastante para que não, amor... e lembrar da primeira temporada de Masters é um elogio bem grande :3

Episodio 1x2 - Nota 9 2017-10-18 21:23:59

“Vocês serão transferidos para o porão”
Saudades, Arquivo X :3

As citações aos assassinos famosos sempre são chocantes, mesmo que se tente entender o que se abatia, em sentidos coletivos e individuais, sobre eles e como isso era sinalizado nos seus métodos, desde a escolha das vítimas até os últimos momentos com o corpo. Aprendemos a nos horrorizar diante de um relato como o de Kemper porque é o instinto primeiro de autopreservação em relação a um perigo que pode estar aí, à espreita de qualquer um (e não, gente, não é “cool” dizer que sente afinidade com serial killer). Talvez por isso, a fala de que haveria pelo menos 35 assassinos em série agindo nos EUA intrigue até mesmo o curioso Ford. E não é à toa que ele está além do horror (é uma genuína surpresa diante de um dado que não lhe parecia imaginável) quando reage a Kemper e à forma como este encarou tudo que fez, como obra de arte, como algo de que se orgulhar, plenamente consciente, vaidoso. Autopreservação ou mesmo a necessidade de controlar algum suposto impulso assassino, principalmente quando se é um indivíduo que assumiu como tarefa de vida fazer cumprir a lei e garantir a segurança das pessoas, passa por entender as motivações daqueles que matam, que cedem. Essa mudança no modo de encarar os criminosos, buscando todo um aparato na psicologia e sociologia, é realmente muito interessante de ver e tentar entender.

Episodio 1x2 - Nota 9 2017-10-18 21:32:18

ISSO, meninas < 3

Episodio 1x5 - Nota 8.5 2017-10-24 14:19:49

Apesar da investigação sobre o assassinato de Beverly ter ocupado um tempo precioso (o que foi inclusive mencionado por Bill, como um lembrete de que a narrativa parece saber exatamente para onde vai) e de se fazer em um caso solto diante do objeto de estudo, é compreensível que se queira demonstrar como existem assassinos em série em potencial, que estão imersos em ânsias e pensamentos tenebrosos. Toda essa crueldade, a necessidade de marcar o corpo, de dar uma lição simbólica à mulher que não se comportou como ele queria, a encenação diante dos policiais, além da narrativa montada, são dados certamente mais frequentes do que imaginamos. É perturbador como tudo parece familiar demais, como parece haver tantas dessas pessoas com uma perversidade guardada que pode vir à tona com um estalo. A série vai caminhando muito bem entre esses exemplos e retratos de uma realidade que esperamos, claro, sempre evitar.

Episodio 1x10 - Nota 9.5 2017-10-30 02:15:47

Parece haver uma sede na juventude que nos leva a extremos para nos provar singulares em alguma coisa. Quando o objetivo é alcançado, é bastante comum que o sujeito traga à personalidade os ares de arrogância que caracterizam Holden, principalmente nesses últimos episódios. Tanto que quando a realidade se mostra de forma mais ampla, o choque pode ser mesmo fatal ou encaminhar todo um desequilíbrio. Foi o caso aqui: o método de aproximar sua personalidade com a do assassino cobra um preço por arrancar as confissões das quais se vale para revolucionar seu campo. De repente, Holden não sabe mais diferenciar seu entusiasmo na pesquisa de seu condicionamento mental, a ponto de ir ter com Kemper e só então se descobrir absolutamente fragilizado por detrás do ego inflado, alimentado pelos policiais provincianos. Relativizar tanta crueldade, brincar de psicopata e fazer as vezes de amigo de serial killer (mesmo que “só no contexto do trabalho”) cobra um limite de sua consciência, de sua sanidade, de sua relação com o mundo.

É ótimo ver um contrapeso a essa fragilidade no trabalho de Bill (especialmente na sua seriedade aliada à ousadia para levar um estudo inovador adiante quando podia ter simplesmente se conformado a repetir métodos, como a maioria) e, principalmente, de Wendy. Em uma história com personagens femininas que aparecem maciçamente como vítimas, a personagem de Anna Torv é um presente. Além disso, acaba espelhando um pouco, através de sua aproximação curiosa com o gato, o que muitos de nós sentimos diante dessa história pincelada por tanto horror: é absolutamente esperado que algum bichano passeie ou se perca entre os prédios, que seja atraído pela lata de atum. É também esperado que, uma hora ou outra, a comida atraia formigas se o gato não apareceu pra se alimentar. Mas imediatamente isso nos faz pensar em algum serial killer rondando, sabotando, espiando. É o instinto de sobrevivência que por vezes se encontra com a paranoia. Ou não é paranoia, rs.

Mindhunter fez uma ótima temporada. Ansiosa pela próxima :3

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