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Rides Upon the Storm By





Episodio 1x1 2018-05-04 13:17:39

A história de um homem obcecado pela ideia que construiu de si mesmo, em expectativas de um reconhecimento que o colocou nos braços da vaidade, o que tem consequências para sua conduta e como enxerga a si, sendo ele um sacerdote, apegado a princípios religiosos que caminham entre a rigidez na aceitação ao diferente e a hipocrisia da tolerância ao próprio pecado, em suas diversas formas, como forma de escape pelas frustrações de não ser um favorito de Deus, aparentemente. Não é um mote novidadeiro, mas pode render uma narrativa bem temperada por elementos capazes de discutir a relação que atormentou e atormenta muitos indivíduos na relação entre a crença na providência divina e o existencialismo, entre a tentação dos micropoderes cotidianos e a permanência da contrição em relação a um ente maior, onipotente.

As referências ao mito de Caim e Abel são um deleite à parte, não apenas em relação aos irmãos. O detalhe de Elizabeth colhendo os frutos, enquanto chama o marido de volta ao "bom caminho" é como uma redenção à Eva ansiosa por aprovação (e que por isso iniciara um ciclo de frustrações infindas). Se os irmãos são a referência imediata ao mito hebreu, ele fica mais evidente pra mim na relação Johannes-August-Deus. Os dois ofertaram dons à Igreja, mas Johannes dedicou a vida a isso e as falhas que possivelmente o fazem preterido (ceder ao vício, ao adultério e à vaidade) acontecem pela rejeição que enxerga de Deus para com ele. É um círculo vicioso que culmina na inveja em relação ao próprio filho, mas irmão na religião, a mesma inveja/ressentimento que leva Caim a matar Abel.

August evidentemente se sente sufocado diante das mágoas disfarçadas do pai e do irmão, mesmo tendo evidentemente um dom reconhecido pelos pares, nas atividades de pregação. Mas recusa a oferta pelo orgulho de encarar a si mesmo e se enxergar como emancipado de todas as cargas que lhe imputaram, como herdeiro de quem é. Recusa a bênção e isso não necessariamente é uma má escolha de acordo com os ensinamentos bíblicos que segue porque, nesse caso, ela poderia encaminhar à vaidade que vê atingir e quase arruinar o pai.

É um começo sem grandes marcas, que escolhe a sutileza na abordagem de um conflito tão complexo das relações entre pai e filho, desde tempos em que a origem de tudo isso era explicada por mitos e mistérios. Boas expectativas pra série :3

Episodio 1x1 2018-05-07 03:40:54

valeu, mulher ^_^
vale a leitura... às vezes eu me espanto com a quantidade de referência aos mitos bíblicos em muita coisa que se produz por aí (principalmente dos primeiros livros)

Episodio 1x2 2018-05-05 15:08:33

Novamente, o episódio aproxima as experiências de Johannes e August, como se os dois seguissem em provação espiritual, cada um de acordo com suas tentações e sendo obrigados a se adequarem a convenções ou deveres morais, mesmo que em conflito com o que acreditam. Sua fé é testada, assim como sua oferta. Até aqui, Deus parece muito distante de ouvir seus pedidos... é a face impiedosa da divindade que lhes orienta para ser amado sobre todas as coisas, para não tolerarem outros deuses e, mais, para não ter o nome usado em vão.

Esse uso em vão do nome de Deus é algo que os cristãos praticantes levam rigorosamente em conta. Um sacerdote entregue a vícios e ao mesmo tempo tão moralista, assim como um que tolera idolatrias e alimenta superstições ofendem esse princípio. A linha entre honrar a Deus e a si mesmo, como se fosse necessariamente um instrumento divino, escorregando na vaidade, é muito tênue de acordo com a palavra que seguem. Mas enquanto Johannes se entrega a alucinações, inconformado pelos novos rumos que a Igreja toma, com a tolerância religiosa e o feminismo, e magoado por supostamente uma "falsa profeta" tomar seu lugar, August é confrontado pela tentação/pressão a cometer um dos maiores pecados para sua fé, o de tirar a vida que acredita ter sido concedida pela divindade à qual se entrega. Se sua vida foi poupada, sua oração não foi atendida e a decepção alargou o caminho para a desobediência. Agora, a culpa a ser expurgada é dolorosa, mesmo que busque se consolar pela interpretação menos incômoda, de que aquela guerra não é somente uma causa política, mas também religiosa. Diante do muçulmano de quem se aproximou e de quem conheceu o lado amoroso e paciente de outro Deus, parece que não restarão alternativas a não ser buscar o arrependimento, mesmo que os fatores aos quais está exposto não facilitem isso.

Essa aproximação com o "outro" islâmico deve fazer com que passe a pregar, em seu retorno, a tolerância e a união entre os povos, seguindo os princípios de Monica, ainda que não pelas mesmas razões que ela. Como um conservador, Johannes enxerga nesse movimento, a desobediência aos mandamentos de Deus. Talvez isso leve os dois a deixarem discordâncias mais marcadas.

No mais, a conexão entre a mãe e o filho, no momento do perigo e da tentação é tocante. Espero que a personagem de Elizabeth receba mais atenção na série. Ainda não sinto empatia por Christian porque não o vejo ainda como um Caim. Talvez isso passe a ser melhor trabalhado diante de uma suposta desavença entre Johannes e August. Vejamos.

Episodio 1x4 2018-05-14 13:34:45

Esse episódio me decepcionou um pouco, pela quantidade de clichês que tentou adiar desde o segundo, mas que acabam por confluir em uma narrativa de previsibilidades aqui para evidenciar o caráter controlador e hipócrita de Johannes. O acordo no casamento que finge igualar as duas partes, mas que lhe deu a liberdade de não pensar nas consequências de quebrá-lo, enquanto Elizabeth claramente é desconfortável diante da situação; a queda de August diante da culpa, inclusive com a dependência da droga e com direito a roubar comprimidos do morto; as insinuações de atração entre Elizabeth e a amiga que abrigou (seria ótimo que a série não caminhasse pelo estereótipo, mas tudo parece levar a isso); a "viagem transformadora" pra Christian; a mulher que se vende pra se manter afastada; o monge budista iluminado e inspirador que dá lições sobre a hipocrisia cristã e a luz interior, em frases prontas, de efeito; as semelhanças entre o pai e justamente o filho que se rebela.

Ainda assim, segue com certos retratos minimalistas de si mesma, dos conflitos que tece: da água se esvaindo pelo ralo da pia até à rosa que desabrocha no final, quando tudo parece se perder, passando pelo vinho assemelhado ao sangue, derramado depois da ceia nada santa... detalhes que demonstram atenção para com a proposta de narrativa metafórica, presente desde o início. Aliás, um recurso que redimiu consideravelmente o episódio é a exposição das distâncias entre o sentido do Natal e sua celebração na casa do pastor: Christian trabalha sua espiritualidade em um templo de outra religião/filosofia, enquanto teria tudo pra se afastar de qualquer iniciativa assim, enquanto Johannes, Elizabeth e August, mais próximos da doutrina e da liderança da igreja, sustentam mentiras, traições e ressentimentos mútuos em torno da mesa.

Episodio 1x4 2020-02-19 10:00:05

Oi, lindeza. Melhora MUITO. < 3

Episodio 1x6 2018-05-27 13:06:49

"Meu Deus, por que me abandonou?"
A súplica de Jesus antes de morrer inquieta e angustia os crentes, do não-praticante ao mais rígido - e mesmo a quem encara todo o texto bíblico como mais uma das epopeias míticas da Antiguidade. É a face implacável do Deus do Antigo Testamento e traz um compasso para a referência mais bem construída na série até aqui, fazendo lembrar que esse Pai da Trindade santa é rigoroso e inflexível no seu planejamento. Ele se impõe, expulsa do Paraíso, persegue e amaldiçoa. E, quando seu Filho é santo, sem nenhuma falta, aceita seu sacrifício porque assim considerou viável e correto. O sacrifício do Filho é a prova de amor do Pai para com os demais pecadores, toda a humanidade, como se acredita na tradição judaico-cristã. E esse Filho se dispôs a tudo, resistiu a tudo, sabia o que o esperava... mas ainda é um filho suplicando a misericórdia de seu pai, que sabe como Todo-Poderoso. No meio da dor, o sentimento do abandono é absolutamente triste. Mas se por um minuto encararmos a história contada desse Deus, veremos um ser arquiteto, cheio das melhores intenções, que confiou a suas criaturas o melhor dos mundos. E evento atrás de evento essas criaturas o decepcionam, como na história de Sodoma e Gomorra tão nitidamente revivida aqui, em plena sexta-feira santa, em pleno dia do sacrifício maior. A convivência do criador e das criaturas é cheia de possessividades e expectativas. A relação entre Johannes e seus filhos é um espelho assustadoramente plausível de uma narrativa tecida há milênios e revivida em tantas relações familiares através deles.

August parece saber exatamente a relação entre essas histórias, mas é o filho devoto que se desilude com o pai, mas não perdoa aquele que se rebela do modo como Christian acabou fazendo, como uma traição motivada por um sentimento de vaidade aliado a uma necessidade pungente de ser querido e admirado, de ser também um escolhido. Toda a história com o budismo, no fim das contas era uma repetição de outra narrativa milenar, a do filho preterido (e que vai muito além do mito que origina o argumento da série). Será mais um golpe no demasiado humano Johannes, embora não necessariamente uma surpresa, vaidoso pelo que pode fazer enquanto pastor e preso às consequências dos erros que desmoralizam sua potência.

Episodio 1x7 2018-06-02 16:05:03

Johannes, finalmente confrontado em si mesmo, colhe os frutos das sementes que lançou - e teve muito joio plantado conscientemente. Seus atos, também herdeiros de uma relação conflituosa com o pai, resvalaram tantas vezes em hipocrisia que a tentação responsável por sua quase-morte foi desencadeada pelo adultério e pela responsabilização apenas à mulher. Daí se encarar o novo empregado como a personificação de um demônio, afinal ele representava o resultado de uma injustiça semeada por aquele que se diz servo exemplar de Deus. A experiência de quase morte novamente traz a figura de Monica como essa figura maligna, ambiciosa, remontando aos falsos profetas... mas de fato ela não passa de uma projeção do próprio Johannes que não admitiria uma autocrítica (quem sabe agora) e se ocupa mais uma vez em transferir culpas, como se os pecados alheios expiassem os seus.


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