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Fargo By





Episodio 1x2 2017-02-26 06:08:15

Impressionante como todos parecem dispostos e obstinados, não importa o que esteja em seu caminho. Tanto Molly quanto Lester, passando por essa dupla (pulp fiction, sdds) que chegou agora, e principalmente Malvo, que matou o policial que ia ser pai e a gente nem sente raiva dele. É o contrário, simpatizar é inevitável quando ele abençoa o homem dos correios depois de receber a nova identidade :v

Episodio 1x3 2017-03-03 18:37:57

vai sair aranha da mão de Lester

Episodio 1x4 2017-03-05 13:54:22

A riqueza de Malvo depende dessa esperteza e dessa capacidade de ler os outros, mas também da covardia e limitação alheia. Ele é o predador que brinca de Deus e até gostaria de encontrar adversários à altura, mas duvida disso, pelas muitas das quais certamente saiu, mesmo quando encurralado. A pergunta é se Molly e Gus serão capazes disso.

Sobre Lester, só consigo ter agonia daquela mão. Vai virar um mutante, pelas caridade. E que atuação danada a de Freeman!

Episodio 1x5 2017-03-05 16:41:02

quando Lester tá delirando, na ambulância, fala sobre as toalhas que ela [a esposa] estava lavando, o barulho que isso fazia... Molly ficou com aquilo na cabeça, o porquê daquilo estar em destaque no delírio. Daí vai até à cena do crime, vê a máquina afastada. Não há lógica ou uma pista definitiva, mas há instinto. O que os bons policiais têm :3

Episodio 1x5 2017-03-05 17:36:49

“Foram os romanos, não foram? São Lourenço, na sua janela. Os romanos o queimaram vivo. Você sabe o porquê? Acho que foi porque os romanos foram criados por lobos. O grande império da história da humanidade, fundado por lobos. Você sabe o que os lobos fazem. Eles caçam. Matam. Por isso eu nunca comprei ‘O livro da Selva’. O menino é criado por lobos e se torna amigo de um urso e de uma pantera. Não dá certo. Uma vez conheci um cara que tinha um rottweiler de 50 quilos. Uma noite uma garota achou que seria divertido ficar de quatro e deixar o cachorro montar nela. O cachorro ainda tinha suas bolas. Bem, o cão ficou lá, ele não estava de brincadeira. Para ele era apenas uma cadela no cio. E ele não ia sair até conseguir o que queria. Bem, a garota percebeu o erro que cometeu tarde demais. Ela quis se levantar. Mas o cachorro tinha outros planos. Tive que atirar atrás da orelha pra tirá-lo de cima dela. Bem, o que estou dizendo é, os romanos, criados por lobos, veem um cara transformar água em vinho. E o que eles fazem? Eles o comem. Porque não há santos no reino animal. Somente café-da-manhã e jantar.”

Cristo vira, assassinado pelos lobos, sendo a ovelha que se doou em sacrifício, que o sofrimento do mundo continuava. Deu sua vida por isso e o mundo continuou recoberto de sofrimento. O policial amigo de Molly morreu no cumprimento do dever, o mundo segue afundando na sordidez. É a parábola que o vizinho conta a Gus, narrada a partir de outro ponto de vista, o dos predadores. Malvo acredita, afinal, que apenas os mais espertos sobrevivem no mundo das bestas e dos lobos, que tudo é a busca desesperada, irracional, pela sobrevivência. Por isso se impressiona com os mártires, mas despreza-os ao mesmo tempo. É um pessimismo bem inquietante no fim das contas. Mas enquanto isso, a boa Molly recebe a mensagem na cena do crime: “e se você estiver certo e todos os outros errados?”. Talvez o próprio Malvo espere por isso.

Episodio 1x6 2017-03-07 00:49:53

O episódio que mais me causou tensão e sensação de incerteza até aqui. As cenas, desde a dos ambientes fechados até aquelas ao ar livre, vão semeando a desconfiança sobre como os personagens reagiriam nessas situações tão irônicas, que se aproveitam das piores características de cada um, como se as leis universais quisessem expor a fraqueza humana, inevitavelmente punindo e zombando dos bons, fazendo-os desatentos e ingênuos, enquanto aqueles que estão a fazer males prosperam e, quando muito, devoram-se, feito Malvo ao seu perseguidor.

Episodio 1x7 2017-03-07 10:20:15

Lester se achando o próprio Malvo. Tem que matar muito cachorro ainda.

Episodio 1x10 2017-03-10 01:45:51

Esperei o lobo, depois que farejou o sangue fresco do homem que se achava o grande predador, atacar Malvo. Mas foi o cordeiro inocente e aparentemente inofensivo que o matou, depois de esperar cuidadosamente ele sentir a dor de botar os ossos no lugar. E acaba sendo Gus o premiado por pará-lo, diante de toda a busca que Molly empreendeu, toda a insistência no caso, a perseguição incansável, teimosa. Mesmo assim, ela seguirá assumindo os riscos, fazendo o que gosta, tendo sido reconhecida, assumindo a liderança.

Enquanto isso, o pretensamente esperto Lester se entrega ao destino que era dele desde que a dupla de caçadores o levou ao gelo e ele conseguiu escapar. Começa a cavar ali, ele mesmo, o buraco no qual caiu, quando passa a se ver como alguém invencível, capaz de ludibriar todos, aquele que cresceria tanto a ponto de conseguir desafiar Malvo. Os dois vencidos pela inconsequência e vaidade dos prepotentes.

Episodio 2x1 2017-03-10 13:13:58

Esse recuo no tempo foi ótimo. Revisitar Fargo e encontrar outro Solverson atuando na polícia, com sua Molly pequenina e esperta, a calmaria da vida com a família completa, mesmo com a doença da esposa. Dá pra entender o peso que a morte do policial trouxe à Molly adulta, a desintegração de uma família feliz daquela forma trágica.

E Lou deveria saber como os riscos atingem quaisquer lugares e pessoas. Sejam policiais ou donos de cafés desinteressados...

Muitas expectativas sobre o desenrolar dos acontecimentos em torno da máfia e como eles passarão a exercer suas atividades... Espero que pelo controle da Mãe.

Discos voadores < 3

Episodio 2x2 2017-03-11 02:57:30

Ah, essa tensão de Fargo, quando os criminosos não são pegos em flagrante por detalhes :3

Ai, minha gente, será que ele vai vender essa carne moída?

A contextualização com as paranoias e a consolidação dessa mentalidade dos Estados Unidos como missionários de um mundo de paz que não funciona nem pra eles tá muito boa.

Episodio 2x3 2017-03-11 23:23:47

A conversa silenciosa entre Ed e Peggy, a cumplicidade do casal voltando de ônibus pra casa, como se não tivesse matado um homem e moído o corpo...

Esse plano de fundo com os aliens, como se eles tivessem observando tudo, como se aquelas coisas estranhas não pudessem ser racionalizadas encontram essa tendência, na série, de nos privar, enquanto humanos, da racionalidade totalmente desenvolvida, indicando que sua existência entre nós é muito rasa no fim das contas. Seríamos seres observados, animais no zoológico, como Lou ouviu depois de ter encontrado Mike Milligan e os Irmãos Kitchen (kitchen :v), quando um deles segurava uma revista sobre ufologia. Ao mesmo tempo, a narrativa sobre como os óvnis levariam pessoas, o que fariam com seus corpos, lembra o que Ed e Peggy fizeram a Rye, lembrando que nossas estranhezas cruéis são nossa responsabilidade mesmo, não de algum ser superior que nos redimiria.

Episodio 2x4 2017-03-12 12:10:46

Lou sentado fora de casa, dando nós na corda, guardando sua família pra que durma em segurança. Ele vai construindo sua experiência < 3

Hanzee perdeu duas horas. Entre sair do café e encontrar o pedaço de vidro. Abduções < 3

Ed viu que ele e Peggy estão ameaçados e tudo indica que vai agir como um animal acuado, atacando quem lhe ofende. No episódio da concorrência na compra do açougue, esperei ele ir matar o outro homem, mas me parece que esse tipo de ação está mais pra Peggy, a pacata cabeleireira que rouba papel higiênico, coleciona revistas levadas do trabalho e limpa o sangue na blusa (que respingou depois de ter atropelado um homem) enquanto ajeita os cabelos, sem sinal de culpa.

“It’s war”. Torcendo muito por Floyd.

Episodio 2x5 2017-03-12 19:29:08

Enquanto um pomposo e vazio Reagan discursava sobre os “pais peregrinos” no século XVII, o índio matava os invasores, ávido por sepultá-los, naquele momento rei daquele espaço, dominador absoluto de uma terra da qual seus antepassados foram donos até que outros invasores se apossaram dela, aos quais ele, independente de sua majestade simbólica num instante, serve. Fico me perguntando se cansará disso em algum momento.

Gosto muito desses fins a personagens que esperaríamos durar mais, causar mais impactos, como um dos Irmãos Kitchen. Morreu tão facilmente quanto matava, com golpes certeiros e quedas inevitáveis. Agora, é esperar o troco. A jogada de Dodd, de envolver Ed como se ele tivesse agido junto à máfia rival vai acabar gerando mais prejuízos. Mas, depois do que vimos de sua trajetória, de como foi iniciado pelo pai ao mundo dos assassinatos, fica mais fácil entender essa personalidade totalmente bruta, o oposto do irmão que anuncia a punição aos males que fazemos nesta terra: “um dia haverá um acerto de contas, irmão. Todas as almas serão chamadas a prestar contas de suas ações. No final, todos recebemos o que merecemos”. Momentos depois, Ed simbolicamente vê o fogo do inferno.

O modo como as cenas vão se sobrepondo é ótima em Fargo. Os discursos do político, as ações de Hanzee, das duas máfias, de Ed e Peggy, dos policiais, todos entrelaçados. Sem falar em como a série brinca com as noções de superioridade racional como pertencente a seres inatingíveis que se revelam a poucos escolhidos, como se revelou a Molly. Tudo como um acordo às palavras de Nereen: se o fim é a morte, as vaidades e ambições são ridículas. Lembra bastante o mito de Sísifo referido no título do episódio anterior.

Episodio 2x6 2017-03-13 11:01:22

Os destaques do episódio são Peggy e Floyd, mesmo com participações pequenas. Elas comungam a necessidade de se afirmarem e romperem barreiras de gênero, sendo, efetivamente, mais racionais e articuladas que seus homens, marido e filhos, respectivamente. Por Peggy, ela e Ed já estariam longe de toda a confusão, apesar dela tê-la causado. Nada a prende na cidade onde rouba papel higiênico, nem à casa onde o marido foi criado, mas soube construir nela uma pequena fortaleza de revistas sobre lugares que sonha conhecer, onde sem muito esforço, cumpriu o feito que o xerife não conseguiu, parar o bruto e limitado Dodd. Já Floyd parece dominar os detalhes de toda a operação que a cerca, apesar dos enfrentamentos à mente estreita do filho. Ao contrário de Peggy, ela tem raízes no lugar onde vive, dispôs-se à guerra, não pelos negócios, mas pelo sangue, pela família. Por ela, também já teria se livrado da confusão toda. Os homens, ansiosos pela demonstração de força e estabilidade, teimaram em ficar.

Realmente me surpreendeu Mike ir à fazenda, embora fosse uma conclusão óbvia. Inevitavelmente consideramos que ele seria mais nobre, pela simpatia que desperta desde o início e pelo louvor, mesmo irônico, que fez à honra de Lou quando este os abordou na loja de máquinas de escrever. Mas decide atacar a propriedade quando sabia que lá estariam o velho e as mulheres, em número menor e sem armas suficientes, suponho. Quem sabe elas tenham as dinamites que Bear prometeu a Lou. Esse episódio só me fez torcer ainda mais por Floyd, apesar de todas as topadas que ela sofre desde que sua contraproposta não foi aceita pela máfia.

Episodio 2x7 2017-03-14 22:56:30

Fargo demonstrando como é difícil e pesado lidarmos com a morte, mesmo enchendo seu enredo de assassinatos frios, sangrentos, impiedosos, mesmo compondo discursos que parecem encará-la com algo superficial e vão. Não esperei que Bear fosse matar a sobrinha, nem que a cena comoveria tanto, tão bem montada, temperada com uma fotografia absurda, inclusive sendo utilizada para demonstrar como aquilo foi observado do alto. Além de tudo isso, Betsy revela que vem tomando o placebo, reveste-se com o discurso de despedida, em um clima de profunda tristeza que se completa ao observar as fotos na casa do pai. Em seguida, Milligan mata o “agente funerário” e recebe a ligação de Ed ainda com o sangue quente nas mãos. A morte volta a ser privada de comoção na série que ironiza tudo.

Se não fossem os filhos de Floyd, ela seria rainha do lugar. De longe, é a que melhor trabalha o cérebro, enquanto Dodd e Bear são extremamente passionais.

E a pergunta de todo mundo deve ter sido: o que danado é tudo aquilo no escritório do pai de Betsy?

Episodio 2x8 2017-03-15 12:47:55

Ed: Se o entregarmos a vocês, precisam prometer nos deixar em paz.
Peggy: E se disserem não?
Ed: Mostrarei a eles de onde se tira o bife do vazio.

Episodio 2x8 2017-03-15 12:51:48

Definitivamente não tem como deixar de torcer e gostar de Ed e Peggy. Toda a revelação que ela se permite ter sobre emancipação e autenticidade, o processo pra isso, principalmente na “conversa” no porão, a alegria de sair da inércia vai atingindo o limite para a loucura porque “a mente humana, estimulada por uma necessidade de sentido, procura e não encontra nada além de contradição e absurdo”... Não achei que fosse gostar tanto dela e de como essa personagem tá desenvolvendo esses limites. E a distinção entre os dois vai se acentuando em detalhes fantásticos, como Ed não querer comprar hambúrguer e ela esfaquear Dodd com a maior naturalidade.

Esse fundo sobre os aliens é muito instigante... porque aquela impressão de que tudo é observado o tempo todo fica impregnada na nossa mente, o que só se acentua quando dividem a tela, um recurso que não tinha na temporada anterior. E o tanto de mensagem “escondida” parece que é proposital pra nos contagiarmos com as teorias, ahahahha... A decodificação no escritório de Hank, as aparições e, nesse episódio, a mensagem no bar de “freie para os cinzas” e “olhe! Atrás de você!” (que podia ser pra Peggy quando Dodd se solta, rs). Em The X-Files essa mitologia se desenvolve junto aos Navajo, justamente em associação à sua linguagem.

Na temporada passada, Malvo pergunta a Lou o endereço de Lester. Ele se recusa a dar e, na conversa, menciona o massacre de Sioux Falls. Não é à toa que recusou. Ele testemunhou, em 79, o que a informação de um vendedor sobre o paradeiro de alguém pode ocasionar. Hanzee conseguiu nesse episódio, o que Malvo buscava. A experiência compôs aquela personalidade lúcida do velho Lou. Por coisas assim, pela preocupação em nos dar respostas e pontes, pela extrema lealdade que a série tem por ela mesma, Fargo merece todos os elogios.

E quando eu imaginava que a série poderia ser ingrata com um personagem como Hanzee, vem esse episódio e aprofunda a visão sobre ele, sempre subestimado como um matador sem identidade e raiz, como se sua existência fosse determinada pelos estereótipos que o atingem enquanto índio, infelizmente não apenas naquele contexto. Não era nem a questão de ser leal a Dodd, mas como se só funcionasse para cumprir ordens. Quando chega a Sioux Falls, algo esperado desde que se mencionou o congresso, reveste-se do ressentimento, não como uma novidade, mas como algo que guardava e agora expulsa, ao chegar ao bar, ver o ultraje à memória de seus irmãos, sendo hostilizado no ambiente decorado com motivos indígenas. A todo o tempo parece que ele caçou Dodd e não Ed e Peggy, como um ajuste por tê-lo em baixa conta. Aliás, o modo como Dodd se refere a ele é semelhante a como fala das mulheres, reduzindo-os, bem no espírito da América wasp. Morreu por causa disso, o homem que puxou a faca pela lâmina.

Episodio 2x9 2017-03-15 21:29:58

“É só um disco voador, Ed. Temos que ir.” Como não torcer por essa pessoa? Peggy cresceu muito, ao contrário de Ed, que permaneceu aquele que apenas responde aos eventos, enquanto ela os cria, seja as confusões, seja as soluções, com a disposição de parar qualquer um, desapagada dos medos que a prendiam antes, quando queria pensar demais e não ser. A conversa no porão foi esse misto de emancipação e loucura, afinal a linha entre elas costuma ser tênue. A coisa mais simples pra ela é dizer: “quer esperar ele dormir pra nós...” e sinaliza como se planejasse matar o policial que seduziu com uma risadinha esperta e totalmente pretensiosa.

Sempre torci muito por Floyd e a personagem só serviu pra demonstrar como algumas pessoas estão destinadas às decepções e ao sofrimento. Foi só o que restou a ela depois do avc de Otto. Nenhuma alegria, nenhum plano frutífero, só o engano e as traições. Foi traída por todos no fim das contas, quando podia ter vendido o negócio pra máfia de Kansas City, vivido o resto de seus anos sem maiores tragédias. É assassinada por Hanzee, por aquele que entende muito bem o que é o desengano de tudo, que tentou deixá-la em casa, mas ela, que “três vezes mandou homens fazerem um serviço e três vezes eles não fizeram” precisava encontrar seu fim, a mãe que marcava na madeira da porta o crescimento dos filhos. E que cena tocante, que expressões perfeitas as de Jean Smart.

Ótima a narração sobre a história do massacre (com a vozinha de Lester, que deve ter escapado da morte no lago gelado e tá contando tudo pra uma criança inocente) e o caráter que lhe deram, nessa onda de brincarem com a realidade e com a ficção, colocando Hanzee como o protagonista, fazendo-lhe justiça nesse sentido. Ele conseguiu reescrever a história de um massacre em Sioux Falls, invertendo os papéis do algoz e das vítimas. Vingou-se, afinal, como se o mundo se deixasse equilibrar a partir dali, do acerto de contas. Como Lou soube ver, havia algo além do aparente ali: “I’d call it animal... except, animals only kill for food”.

Desconfio que esse disco voador veio por causa de Molly (que o desenhou uma vez), pra que ela não ficasse órfã de pai e mãe, já que apenas a aparição impediu que Bear, depois de ter resistido a três tiros à queima-roupa, matasse Lou. A morte, ou o anúncio da morte, de Betsy só não foi mais triste que a despedida silenciosa na casa do pai, apesar de nos deixar tristemente conscientes disso, todo o tempo, vendo a inocência de Molly ao mesmo tempo em que ouvimos o jarro de vidro quebrar; espero que Lou e Hank tenham a oportunidade de se despedir, que Betsy esteja convalescente, mas tenha esse espaço. Todos eles merecem isso.

“We are not alone.” “Future is here. Keep your eyes to the sky.” “I break for greys.”

Episodio 2x10 2017-03-16 23:05:08

Não tinha conseguido entender a associação de Hanzee observando os irmãos assassinos da primeira temporada, quando crianças, sendo importunados por meninos maiores, mas vendo os comentários aqui, tudo ficou ainda mais instigante, já que Fargo realmente se preocupou em fechar a teia de acontecimentos e referências melhor do que eu pensava. Hanzee se torna Moses Tripoli, o chefão da máfia da primeira temporada. Ocupa um lugar que os Gerhardt jamais sonharam, mas morre pelas mãos de Malvo, que tinha matado Hess por causa de Lester. É Lester que narra a história do massacre de Sioux Falls no episódio passado. Ele, que passa boa parte da primeira temporada sendo caçado pelos irmãos que Hanzee defendeu, todos eles com um passado de opressão pelos maiores em comum.

Fargo conclui mais uma temporada exibindo o paradoxo entre nossa filosofia e nossas ações, brincando entre o pessimismo e a realidade que muitas vezes nos priva até do direito ao pessimismo. Betsy não liga pra o que Camus diz porque ela tem câncer, uma filha pra criar e uma família linda com a qual adoraria passar muitos anos, rolando as pedras que fossem necessárias. Em seguida a esse diálogo, vemos ela e Lou em uma consonância bonita, quando ele diz a Peggy que garantir a segurança da família é a rocha que se dispõe a empurrar. E sabemos que não faltará nisso, nessa sua missão de toda a vida, certificada pelo sonho da esposa, aquela que antecipou a vida que Molly teria, ela mesma empurrando sua rocha.

É uma sequência de diálogos realmente muito boa depois de vermos a triste partida de Ed, junto às carnes congeladas, colhendo em vida o que fizera a Rye quando o socou no freezer e depois lhe moeu o corpo. Enquanto Peggy, cada vez mais perdida entre a realidade e o sonho tragicamente desfeito, agora tem a única ambição de ver um pelicano pelas grades de uma prisão na Califórnia, onde guardará todo o ressentimento para com a vida. Aliás, seu fim pareceu muito o de Mike, que apesar da ascensão, acaba confinado a salas sem cores, jogado num canto sem visibilidade.

O debate sobre destino e compensações através de todos esses personagens é uma provocação da série a ela mesma, em seus constantes questionamentos sobre as venturas da vida humana, biológica e espiritualmente. Se viver em sociedade requer instinto pra escaparmos aos predadores, como referia Malvo, é uma dádiva crer em seres superiores, sejam divinos ou uma lei universal que pune os injustos e dá o descanso aos bons. Completamente descrente disso, Fargo sabe que qualquer esperança de redenção é provavelmente enganosa, mas o acaso, ele mesmo é incontrolável, desconhecido, ao contrário da natureza humana.

Episodio 3x1 2017-04-22 20:53:48

É ótimo ver como as características inconfundíveis de Fargo, que conseguiu manter um ritmo instigante e fugir do convencional com tanta maestria, são chamadas com essa intensidade nesse retorno. As coincidências trágicas amenizadas com as doses de humor; a empatia imediatamente despertada pelo menininho solícito e pela mãe que se desdobra, até pelo avô rabugento, mas sentimental ao mesmo tempo; o choque de interesses e os conflitos entre os irmãos chamando à inquietação sobre o caráter humano, mutável e selvagem; a cuidadosa e literalmente calculada determinação da mulher que não hesitará diante de nada... Ansiosa pro próximo episódio. Não tem como duvidar da excelência dessa série.

Episodio 3x2 2017-05-06 04:19:23

Carrie Coon e seu problema com eletrônicos... Por enquanto só espero que Fargo não tenha dado spoiler de Leftovers :v

Episodio 3x3 2017-05-07 00:50:45

melhores estampas, ehuehue

Episodio 3x3 2017-05-07 01:26:56

O sacrifício não compensado, a doação sem gratidão, pessoas dispostas a sobreviverem e transformarem o mundo em uma selva onde os mais espertos sobrevivem inclusive às custas daqueles que não são tão maquiavélicos assim, até que alguém rompa com essa espécie de maldição do acaso e, mesmo contra a corrente, consiga relembrar a outra forma de sobrevivência, com a solidariedade e a punição aos maus, são os traços mais marcantes das histórias que Fargo conta desde a primeira temporada.

Assim, esse episódio pode parecer deslocado da trama, mas não o é da série. A perspectiva de que a aleatoriedade que não nos permite a ilusão de sermos escolhidos a algo ou encarregados de uma missão vai sendo desafiada pelos laços que construímos uns com os outros, mesmo das maneiras mais improváveis e com uma intensidade inexplicável, como foi o caso de Gloria e do homem que conheceu no avião (Leland Palmer =O).

O acaso castiga o homem desavisado e não perdoou Mobley quando se apropriou da identidade de um Stussy depois de ter espancado o diretor (que agora está jogado como um documento considerado desimportante num arquivo velho). Mobley recebeu a paga por sua ingenuidade, como o robô Minsky: os dois usados e os dois desprezados, não importa em que cauda de cometa tivessem andado. Agora, cabe a Gloria, a sentimental policial que não conseguiu deixar a "máquina inútil" jogada no mesmo 203 onde Mobley virou Stussy, levar a paga de Ray e Nikki, não porque ela é destinada a isso, mas porque assumiu como objetivo. A temporada vai contar a história desse embate entre as duas formas de sobrevivência mais uma vez.

Episodio 3x6 2017-07-08 17:58:48

A morte de Ray sendo diretamente consentida por Emmit não me impactou tanto pela fatalidade do vidro encontrar diretamente o ponto fatal na garganta, mas porque, naqueles instantes que duraram entre um pequeno fragmento de tempo e uma eternidade cruel, assassino e assassinado estiveram plenamente conscientes do que se despejava com o ar de inacreditável, além de estar literalmente nas mãos de Emmit (disposto a apaziguar a relação, ao mesmo tempo em que intimamente exultava com sua sorte) ao menos a tentativa de salvar o irmão.

Ele não hesitou diante do acaso adivinhado por Varga. Essa temporada, que parece finalmente dizer a que veio agora, de Fargo se detém sobre as urgências diante das oportunidades, para que não escapem. Não há novidade nesse tom de inevitabilidade, da estranha confluência de fatores que se arranjam pra beneficiar algum personagem (e isso não tem nada a ver com compensação, afinal de contas... parece que, se existe uma força qualquer acima desses humanos, nem que seja a mera necessidade de sobrevivência, o instinto, ela é completamente aleatória no seu arranjo, embora não o seja nos seus fins, já o dizem personagens como Varga, Malvo, Lester).

E que personagem é Varga! Ele finalmente se deparando com alguém que lhe coloca um desafio, certo mistério, pode desenvolvê-lo ainda mais, para além dessa imagem de inatingível que ele tão espontaneamente sustenta.

Episodio 3x8 2017-07-20 21:05:14

O melhor episódio da temporada até agora (espero que os finais tirem o ranço da primeira metade, pq né), pra mim, talvez por ter trazido essa dança entre a simetria e a aleatoriedade, onde alguns conseguem escapar mais ilesos que outros, lembrando sempre que as contas que ficam a acertar não são esquecidas, tal qual o russo de cabeça de lobo que sangrou enquanto contemplava fantasmas quase palpáveis, aqueles que sempre o assombraram, na memória, no pulso do comparsa, no discurso de um estranho vingativo que não parece mesmo ser fruto do acaso.

Aqui, a participação de Mr. Wrench vem acompanhar a personagem que mais cativou nessa temporada. Nikki é estonteante nessa determinação em fazer com que o assassinato de Ray seja vingado, que lhe seja feita justiça de alguma forma... ela teve do estranho que vive nos bares o encorajamento que precisava, assim como Gloria experimentou. Nikki continuou a se erguer diante da ausência de Ray e espero ansiosa o encontro dela com Varga e o reencontro com Gloria.

Essa floresta, esses caminhos, as ironias, as anedotas... fargo < 3

Episodio 3x9 2017-07-22 19:12:34

Às vezes somos tão levados pela corrente das normatizações e dos nossos próprios hábitos que não conseguimos perceber a nós mesmos, ver um sentido de autonomia individual, de emancipação diante de tudo, como que se nos perdêssemos a um "mestre das cordas", nem sempre um Varga ou um Malvo, nem sempre visível, mas tão capaz de nos manter reféns quanto eles... Gloria percebe o quão emaranhado Emmit está, assim como Sy. Esse estado foi possível porque se permitiram a isso e, diante da ambição e da covardia, cederam. O que Nikki não fez. Algo mais importante que zeros no salário a fez desafiar o que Varga julgou como certo, que sempre conseguiria deter, aliciar as pessoas, porque conhecia uma suposta verdadeira natureza humana, que quando não podia ser comprada, seria contida pelo medo. Assim, não conseguiu prever Nikki, nem rastrear Gloria. Em pouco tempo, é desafiado por duas mulheres de estilos de vida completamente diferentes, mas dispostas à emancipação, a não ceder às cordas que ele insiste em tentar amarrar.

Nikki é mesmo o destaque dessa temporada e isso fica mais evidente nessa segunda metade porque parece solta de tudo, sem nada a perder e com o objetivo de ensinar uma lição ao "mestre das cordas", de que não é o único estrategista, não é um "fator humano" onipotente e nem sempre encontrará um empresário perdido em suas próprias vaidades para manipular. Quem Gloria enxerga de forma desenganada, por parecer invencível diante do poder que construiu, Nikki desestabiliza. Talvez por ter, ela mesma, consciência de que poderia manipular Ray, mas preferiu um companheiro e não um bibelô. No episódio passado, ficou durante algum tempo lembrando da última conversa com ele, de como talvez as coisas tivessem sido diferentes se tivesse voltado pro apartamento também... é por não suportar esses " e se", que decide agir aqui.


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