Escrito por: Tom Carvalho
No último dia 20 de outubro, o evento de 3 semanas da versão brasileira de Love is Blind chegou ao fim. Num mundo onde os programas enlatados dominam a (decadente) TV paga, não é uma surpresa ver novos formatos preenchendo o catálogo de basicamente todos os serviços de streaming disponíveis. O “Casamento às Cegas” nasceu baseado em realities de sucesso da TV (The Bachelor, 90-Day Fiance) sendo produzido pelas mesmas mentes por trás de “Married at First Sight”. Para quem já acompanha algum desses realities, fica nítido o envolvimento da produtora com a seleção, o processo de interação dos casais e a quantidade de drama gerada para carregar os episódios dessa nova aposta em conteúdo nacional da Netflix.
Considerando os anos e anos de experiência, eu diria que os criadores acertaram em cheio novamente. Para quem esperava good tv, recebeu. E sim, essa é uma menção honrosa a série UnReal, que nos ensinou como julgar reality shows de relacionamento. Para quem ainda não viu, procure, veja e volte para esse texto.
A edição ágil e certeira já trouxe nos primeiros minutos do primeiro episódio os casais que seriam o foco do programa. Tudo seguiu com fluidez e apesar dos cortes rápidos entre os dias de conversas nos pods, tivemos uma boa ideia das conexões que funcionaram ou não. Um tema recorrente, principalmente para quem não viu a versão original, foi a rapidez com que os solteiros se apagaram aos seus parceiros de cabine. Além do fato deles terem conversado por mais de uma semana por horas todos os dias, eu não descartaria um trabalho pesado dos produtores em dar um certo empurrãozinho para o início dos relacionamentos
Os apresentadores Camila Queiroz e Klebber Toledo cumpriram muito bem seus papéis e certamente adicionaram um elemento de elegância muito maior do que os apresentadores Nick e Vanessa Lachey, da versão original americana. Apesar de também derivada do programa original, a forma com que os apresentadores se comportam na versão nacional me agrada pois eles têm participações estratégicas e não têm contato constante com os participantes.
O programa foi gravado durante a pandemia da Covid-19, o que pode deixar muita gente incomodada. De acordo com a Netflix, protocolos de segurança foram seguidos e por meio de testagem constante para o vírus, as gravações foram finalizadas em pouco mais de 2 meses. Eu, particularmente, fiquei um pouco incomodado com algumas das cenas em que os participantes reviam os amigos e se envolviam em atividades em grupo, mas aparentemente a produção conseguiu “driblar” os riscos que a quarentena traziam. Fica aqui meu compromisso com a verdade nesse texto.
As hashtags relacionadas ao programa lideraram os trending topics nas últimas semanas e a discussão rendeu. A Netflix se mantém bem discreta com relação a números de espectadores de suas produções, mas após o lançamento dos episódios finais, o reality atingiu o 1o lugar no Top 10 da Netflix Brasil.. O que tivemos certamente foi um engajamento satisfatório nas redes sociais e opiniões divididas da mídia especializada. Os 10 episódios dessa temporada já estão disponíveis, então para quem ainda não viu, a espera acabou. O entretenimento é garantido.
O que o reality entregou: um retrato de uma geração millennial que tem dificuldades na vida amorosa, um romantismo meio forçado e classudo sempre acompanhado de bebidas finas e restaurantes de alto nivel, participantes que mostraram o pior da masculinidade tóxica e participantes que mostraram o melhor do ser humano e da consciência social (Carol Novaes). Ah, teve casamento que revoltou o fandom também. Vale citar aqui que também houve uma polêmica envolvendo casais que foram formados durante a fase das cabines mas que não avançaram para a fase de lua-de-mel e que foram totalmente ignorados na edição.
O que não veio aí: no meio do caminho a produção até tentou dar uma "bagunçada" colocando um ex-participante da fase das cabines para atender o desejo do fandom e separar um casal, mas infelizmente não tivemos nada concretizado. Eu também esperava por algumas mudanças no formato deixando o programa mais brasileiro mas não foi o que vimos.
Nota: 8.5