Escrito por: Pedro Rubens
Eu não sou o maior fã de produções baseadas em fatos reais. Por mais que a obra seja bem adaptada, bem dirigida, atuações que mais se parecem clones dos personagens reais, ainda assim, fico com o pé atrás. Talvez isso se dê porque grande parte dessas adaptações abordam questões pesadas e isso me faz ter ainda mais medo dos seres humanos e daquilo que eles são capazes de fazer.
Landscapers, nova série original HBO, nos conta a história real do casal Susan e Christopher Edwards, Acompanhando a vida dos protagonistas enquanto vivem na França escondendo um segredo obscuro. A partir de uma ligação, a vida do casal se encontra diante de uma cama de gato, obrigando-os a encarar os fantasmas do passado e enfrentar suas consequências.
Confesso que não me lembro da história real que teve seu desfecho em 2013, mas através do primeiro episódio é possível perceber a riqueza de detalhes que a produção abraçou durante toda a temporada. É lindo perceber como a arte imita a vida, e vice-versa, através de cenas que se intercalam, por exemplo, iniciando e finalizando o episódio com cenas dos bastidores, câmeras se posicionando, a direção dando a ordem e imediatamente a “chuva” caindo, bem como os gritos de “Ação!”.
Esse é um aspecto que transborda durante todo o episódio, inclusive se faz presente durante transições onde e-mails são trocados e o destinatário vislumbra perfeitamente o remetente enviando-lhe aquelas palavras.
Além disso, Landscapers parece querer conjugar a adaptação com uma sobreposição de takes do filme Matar ou Morrer (1952), dado que a protagonista é apaixonada pelo ator Gary Cooper e tudo do qual ele participa. O ritmo da série provém bastante disso e você consegue perceber claramente as referências e a forma como os filmes ditam a narração dos fatos.
Por falar em protagonista, durante todo o episódio a série transborda com as atuações de Olivia Colman e David Thewlis que de forma maestral, magnífica, brilhante (e todos os demais adjetivos possíveis e imagináveis) conseguem traduzir perfeitamente bem a angústia e o amor de um casal controverso. O Emmy vem!
Mas Landscapers tem uma grande ressalva: não espere nesse primeiro episódio cenas de ação, uma série agitada e que lhe proporcione “tiro, porrada e bomba”. Isso passa bem longe do piloto e, talvez, até da temporada! Mas é na singeleza das cenas, na profundidade dos personagens, na grandiosidade das atuações, no perfeccionismo da direção que está a beleza da série.
Durante quase 1 hora de episódio nos vemos completamente submersos naquela história, que por vezes pode até soar como caricata dado o estilo de vida dos protagonistas, mas que entrega uma extensa carga emocional e cativa logo no primeiro momento.
Nunca julgue um livro pela capa, mas eu julguei que Landscapers seria uma ótima série simplesmente pelo pôster e apostei todas as minhas fichas. Fico feliz por não ter perdido a aposta, afinal ganhei uma série que com certeza vai ser uma grande aula de como produzir um show e entregar direção, atuação, roteiro, trilha sonora, fotografia e todo o mais, em medidas perfeitamente equilibradas.
Nota: 8.5