Falar que gostei me soa estranho, em se tratando do assunto abordado, mas pela obra em si, ficou muito bem feito. Eu fiquei com um sentimento de pesar pelo caso ainda estar em aberto e pelo fato do assassinato da Joyce não ter sido propriamente investigado. Fiquei mais triste ainda por um dos irmãos dela ter morrido sem ter tido um desfecho. Foi bem triste quando eles disseram " em breve todos nós vamos morrer e ninguém mais vai incomodar eles atrás de respostas". Queria que alguém do FBI se interessasse em olhar pra esses casos e tentar de fato resolvê-los.

Terminar de ver The Keepers é se questionar no final sobre onde reside a justiça nesse mundo. É se questionar como a Igreja ou o governo puderam deixar esse homem livre para continuar seu sistemático abuso físico e psicológico. Precisa ter cabeça pra ver esse documentário pois é muito pesado. É triste e perturbador ao mesmo tempo saber que tudo aquilo aconteceu e que nenhum tipo de justiça foi feita. Me surpreende o fato de Gemma e Abbie terem tido forças o suficientes para reviver e recontar os eventos trágicos nas quais foram submetidas mesmo após décadas. Eu sinto raiva, dor e empatia por ter visto que essas mulheres sentiram na pele a dura dor do abuso e da violação psicológica por diversos anos, tentaram buscar ajuda e mesmo assim foram silenciadas.

Finalizei esse documentário maravilhoso - no quesito produção - com uma sensação de impunidade pelas vitimas, pela irmã Cathy, uma sensação de raiva por esse monstro nunca foi pagou pelos seus crimes e um nojo absoluto pela Diocese de Baltimore que soube de tudo desde o primeiro caso e protegeu esse psicopata, deixando ele destruir mais vidas. Mesmo com tantas injustiças, não é de se deixar de aplaudir a bravura de Abbie e Gemma, mulheres fizeram muito mais do que a polícia já alguma vez tentou fazer. Foi uma temporada cheia de emoções. Foi difícil de digerir a narrativa em meio a tantas confissões que despertavam impotência e tristeza. O mais triste de tudo isso é que esse caso não é isolado. Pedofilia e abuso sexual estão sendo cometidos nesse exato momento enquanto eu digito esse texto.

Meus sentimentos às famílias Cesnik e Malecki, à todas as aquelas mulheres e outras pessoas que sofreram de abuso sexual, verbal, físico e psicológico. Nesse caminhar, desejo forças e positividade a vocês. Que homens como Maskell paguem pelos seus crimes. Que vitimas não sejam silenciadas e que não tenham seus relatos de violência, abuso ou qualquer outro tipo crime sendo jogados debaixo do tapete. Espero que um dia cada uma dessas mulheres encontrem a paz que procuram e que a justiça seja feita. Que Deus venha iluminar cada vez mais a jornada daquilo que elas mais anseiam. Estou de pertinho no grupo do Facebook acompanhando a resolução do caso dessas mulheres e espero nada menos que elas encontrem suas respostas. Em ressalve, grande produção da Netflix. Uma das melhores do ano.

O sentimento depois de terminar The Keepers é o mesmo de quando terminei Making a Murderer. A diferença é que em MaM eu peguei nojo-ódio-repulsa-raiva-sentimentodeinjustiça-asco da polícia e do poder judiciário e com The Keepers isso vem em relação à Igreja Católica. Incrível como existe todo um lado obscuro por trás dessas grandes instituições. Lado esse que a gente sabe nada ou quase nada e continuaria sem saber se não fossem esses documentários e esse povo dando a cara a tapa. Foda. No geral, mais um documentário muito bom. Netflix tá de parabéns por divulgar essas histórias.

Me considero uma pessoa com um certo dom pra mesmo sem a intenção acabar escolhendo os documentários mais tristes da netflix pra assistir (seriously!). Só que nenhum até hoje me tocou tanto quanto essa série documental.
Eu fui assistindo, me apegando ao desenrolar da história e aos mistérios revelados, mas assim que parei pra pensar com calma em todos os horrores que estavam sendo mencionados, me dei conta do que cada pessoa viveu. Se você se apega a empatia e se permite tentar compreender o que cada um passou, porra, dói! Dói demais! Dói pelas vítimas de abuso, principalmente pela Jean, dói pela Joyce e sua família (o irmão morrendo antes de conseguir justiça 💔) e dói pela Cathy. O testemunho sobre esta foi tão bonito, tão positivo, que eu só consigo imaginar que ela era uma pessoa incrível e única. Não me conformo com essa omissão da igreja e descaso das autoridades.
Há muito sangue e muita dor no catolicismo. Vidas foram destruídas e a instituição que ensina sobre fé e amparo muitas vezes é a primeira a fechar os olhos para a crueldade. :-(

Abbie e Gemma, vocês são maravilhosas