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Ripley By Allan Veríssimo





Episodio 1x1 - Nota 8 2024-04-04 00:48:02

Contextualizando para quem nunca leu ou assistiu nada do personagem, ou então só assistiu o filme do Matt Damon: Tom Ripley foi criado pela autora de livros de suspense, Patricia Highsmith. Ela escreveu cinco livros protagonizados pelo personagem:

- "O Talentoso Ripley" (1955);
- "Ripley Subterrâneo" (1970);
- "O Jogo de Ripley" (1974);
- "O Garoto que seguiu Ripley" (1980);
- "Ripley debaixo d'água" (1991).

O personagem já foi adaptado para o cinema em cinco filmes:

- "O Sol por Testemunha" (1960), filme francês dirigido por René Clement. Adaptação do primeiro livro, "O Talentoso Ripley". Ripley foi interpretado por Alain Delon;
- "O Amigo Americano" (1977), filme alemão dirigido por Wim Wenders. Adaptação do terceiro livro, "O Jogo de Ripley". Ripley foi interpretado por Dennis Hopper;
- "O Talentoso Ripley" (1999), filme americano dirigido por Anthony Minghella, e a adaptação mais conhecida. Adapta o primeiro livro e Matt Damon interpretou Ripley.
- "O Retorno do Talentoso Ripley" (2003), filme europeu dirigido por Liliana Cavali. Adaptação do terceiro livro, "O Jogo de Ripley". John Malkovich interpretou Ripley.
- "Ripley no Limite" (2005), dirigido por Roger Spottiswoode. Adaptação do segundo livro, "Ripley Subterrâneo". Barry Pepper interpretou Ripley.

O quarto e o quinto livro nunca foram adaptados para o cinema.

E agora temos essa minissérie que mais uma vez, adapta o primeiro livro. Todos os episódios foram dirigidos e escritos por Steven Zaillian, roteirista vencedor do Oscar por "A Lista de Schindler" e indicado ao Emmy pela minissérie da HBO "The Night Of".

Episodio 1x1 - Nota 8 2024-04-05 02:11:28

Então, mas a maioria do que aconteceu nesse primeiro episódio está bem mais fiel ao livro do que o filme de 1999, então isso explica porque esses detalhes estão diferentes. No livro, o Ripley é zero inocente e bastante picareta antes mesmo da viagem para a Europa, imagino que o filme quis deixar o personagem mais simpático antes das reviravoltas.

Episodio 1x2 - Nota 8 2024-04-06 02:34:59

“Passou para o quarto de Dickie e ficou andando de lá para cá por alguns momentos, as mãos enfiadas nos bolsos. Imaginava quando Dickie voltaria. Ou será que demoraria a tarde toda com Marge, dormindo com ela? Abriu a porta do armário do Dickie violentamente e olhou dentro. Descobriu um terno cinzento recém-passado, com aparência de novo, que nunca vira Dickie usar. Tirou suas bermudas e vestiu a calça de flanela cinza. Calçou um par de sapatos de Dickie. Em seguida, abriu a última gaveta da cômoda e apanhou uma camisa limpa listrada de branco e azul.
Escolheu uma gravata de seda azul-escura e deu o nó com cuidado. O terno servia muito bem. Mudou o repartido do cabelo um pouco mais para o lado, do mesmo modo que Dickie.
- Marge, precisa compreender que eu não amo você – disse Tom para o espelho, imitando a voz de Dickie, a elevação do tom nas palavras mais enfáticas, o pequeno ruído na garganta no fim das frases, que podia ser agradável ou não, íntimo ou frio, conforme o estado de espírito de Dickie.
- Marge, pare com isso! – Tom voltou-se rapidamente, estendendo a mão no ar, como se agarrasse a garganta da moça. Sacudiu-a, torceu-a, enquanto ela caía, caía, até deixá-la inanimada no chão. Ele ofegava. Passou a mão pela testa, do mesmo modo que Dickie, procurou um lenço e, não achando, tirou um da gaveta de cima da cômoda e voltou para o espelho. Até os lábios entreabertos pareciam os de Dickie quando ficavam sem fôlego depois de nadar, um pouco repuxados sobre os dentes.
- Sabe por que tive de fazer isso – disse, ainda ofegante, dirigindo-se a Marge, embora continuasse olhando para a própria imagem no espelho – Você estava interferindo entre Tom e eu... Não, não é isso! Mas existe uma ligação entre nós dois!
Voltou-se, ergueu a perna para não pisar no corpo imaginário e foi sorrateiramente até a janela. Para além da curva da estrada, avistava vagamente os degraus que levavam à casa da Marge. Dickie não se achava na escada ou em qualquer parte da estrada. Talvez estivessem na cama, juntos, pensou Tom com um aperto mais forte na garganta, uma sensação de repulsa. Imaginou a intimidade dos dois como desajeitada, inexperiente e insatisfatória para Dickie e perfeita para Marge. Ela gostaria, mesmo que Dickie a torturasse! Foi apressadamente até o armário, outra vez, e apanhou um chapéu da prateleira superior. Era um chapéu tirolês verde com uma larga fita verde e vermelha. Colocou-o meio de lado na cabeça. Surpreendeu-se com a semelhança: era igualzinho a Dickie, com a cabeça assim coberta. Na verdade, só o cabelo escuro era diferente. Quanto ao resto, o nariz – pelo menos a forma dele – o queixo estreito, as sobrancelhas, se as conservasse assim retas...
- O que é que você está fazendo?
Tom girou o corpo rapidamente. Dickie estava na porta. Tom compreendeu que ele devia estar no portão quando olhou pela janela.
- Oh, só me distraindo – disse Tom com a voz profunda que usava sempre que ficava embaraçado. – Sinto muito, Dickie.
A boca de Dickie abriu-se um pouco e tornou a se fechar, como se a raiva tornasse as palavras espessas demais para serem pronunciadas. Entrou no quarto.
- Dickie, sinto muito se isso...
A batida violenta da porta o interrompeu. Dickie começou a desabotoar a camisa, a testa franzida, como se Tom não estivesse presente, pois aquele era o seu quarto – o que Tom estava fazendo ali? Tom ficou petrificado de medo.
- Gostaria que tirasse as minhas roupas – disse Dickie.
Tom começou a se despir, os dedos trêmulos de mortificação, chocado, porque até aquele momento Dickie sempre oferecera suas roupas. Agora, nunca mais faria isso.
Dickie olhou para os pés de Tom:
- Sapatos também? Você está louco?
- Não. – Tom tentou controlar-se enquanto pendurava o terno no cabide; então perguntou: - Fez as pazes com Marge?
- Marge e eu estamos muito bem – Dickie respondeu secamente, excluindo Tom da convivência dos dois – Quero dizer outra coisa, e quero que fique bem claro – falou, olhando para Tom. – Eu não sou bicha. Não sei o que você pensa a esse respeito.
- Bicha? – Tom sorriu amarelo. – Nunca pensei que você fosse bicha.
Dickie começou a dizer mais alguma coisa, mas não continuou. Endireitou o corpo, as costelas aparecendo no peito queimado:
- Bem, Marge pensa que você é.
- Por quê? – Tom sentiu o sangue desaparecer do seu rosto. Tirou o segundo pé do sapato lentamente e guardou o par no armário. – Por que ela ia pensar uma coisa dessas? O que foi que eu fiz? – Sentia como se fosse desmaiar. Ninguém nunca lhe dissera isso assim diretamente, não daquele momento.
- É o seu jeito – Dickie respondeu em tom de resmungo e saiu do quarto.
Tom vestiu apressadamente as bermudas. Ficara meio escondido de Dickie atrás da porta do armário, embora estivesse de cuecas. Pensava: só porque Dickie gostava dele, Marge fizera essa acusação suja. E Dickie não tivera coragem de enfrentá-la e negar tudo!
Desceu e encontrou Dickie preparando uma bebida no bar do terraço.
- Dickie, quero que tudo fique claro – começou Tom – Também não sou bicha, e não quero que ninguém pense isso de mim.
- Está bem – resmungou Dickie.”

(Trecho de “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith. Capítulo 10.)

Episodio 1x3 - Nota 9 2024-04-06 20:23:56

"Dickie não disse uma palavra durante a viagem. Fingindo estar com sono, cruzou os braços e fechou os olhos. Tom, sentado à sua frente, observava o rosto magro, arrogante e bonito, as mãos com o anel de pedra verde e o de sinete, de ouro. Passou pela mente de Tom a ideia de roubar o anel de pedra verde quando fosse embora. Seria fácil: Dickie costumava tirá-lo quando nadava. Às vezes tirava-o até para tomar banho de chuveiro. Faria isso no último dia , pensou. Olhou as pálpebras fechadas de Dickie. Um louco sentimento de ódio, afeição, impaciência e frustração começou a crescer dentro dele, perturbando sua respiração. Queria matar Dickie. Não era a primeira vez que pensava nisso. Antes, duas ou três vezes, fora um impulso provocado por raiva ou desapontamento, um impulso que desaparecia imediatamente, deixando-o envergonhado. Agora, pensou em matá-lo durante um minuto inteiro, dois minutos, pois de todo jeito ia mesmo deixar Dickie, portanto por que se envergonhar? Fracassara com Dickie em todos os sentidos. Odiava Dickie porque, de qualquer forma que encarasse o que tinha acontecido, não era culpado do fracasso, não fizera nada errado. Fracassara por causa da teimosia desumana de Dickie. E de sua grosseira contundente! Oferecera-lhe amizade, camaradagem e respeito, tudo o que tinha para oferecer, e Dickie pagara com ingratidão, e agora hostilidade. Dickie o atirava para fora, para o frio. Se o matasse naquela viagem, pensou Tom, podia inventar um acidente. Podia... Teve de súbito uma ideia brilhante: podia se tornar Dickie Greenleaf. Era capaz de fazer tudo o que Dickie fazia. Voltaria a Mongibello, em primeiro lugar, para apanhar as coisas de Dickie, contar a Marge uma história qualquer, instalar-se num apartamento em Roma ou Paris, receber o cheque mensal de Dickie e falsificar a assinatura dele para descontá-lo. Podia tomar o lugar de Dickie. Teria Greenleaf, o pai, comendo da sua mão. O perigo desse plano, e mesmo a sua inevitável duração temporária, que Tom compreendia vagamente, aumentavam seu entusiasmo. Começou a planejar como."

(Trecho de "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith. Capítulo 12).

Episodio 1x5 - Nota 9 2024-04-07 16:48:01

"A bebida intensificou seus pensamentos. Ficou ali, olhando o corpo pesado e longo de Freddie, com o sobretudo amarrotado embaixo dele, que Tom não tinha força para arrumar, mas cuja vista o incomodava, pensando em como fora triste, indigna, perigosa e desnecessária essa morte, brutalmente injusta para com Freddie. Não que fosse difícil odiar Freddie. Um cafajeste egoísta, zombando de um dos seus melhores amigos - pois Dickie era, sem dúvida, um dos seus melhores amigos - só por suspeitar que tivesse um desvio sexual. Tom riu da expressão "desvio sexual". Onde estava o sexo? Onde estava o desvio? Olhou para Freddie e disse em voz baixa e amarga:
- Freddie Miles, você foi uma vítima de sua mente suja."

(Trecho de "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith. Capítulo 16).

Episodio 1x7 - Nota 8 2024-04-10 18:50:43

"Continuou a arrumar as malas. Era o fim de Dickie Greenleaf, sabia. Detestava tornar-se Tom Ripley outra vez, odiava a ideia de ser um joão-ninguém, a ideia de adotar seus hábitos novamente e a sensação de que as pessoas o desprezavam, que ele as aborrecia, a não ser que representasse para elas como um palhaço, sentindo-se incompetente e incapaz de outra coisa que não fosse entreter os outros por alguns minutos. Odiava ter de voltar a si mesmo, como detestaria vestir roupas velhas, manchadas e sem passar, que nunca tinham sido boas, nem mesmo quando novas. Suas lágrimas caíam sobre a camisa listrada de azul e branco de Dickie que estava na mala, engomada e limpa, parecendo tão nova como quando a tirara da gaveta, em Mongibello".

(Trecho de "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith. Capítulo 21)

Episodio 1x8 - Nota 9 2024-04-12 14:58:26

"Tom caminhou para o táxi. Não era brincadeira! Era tudo seu! O dinheiro de Dickie e sua liberdade! E a liberdade, como tudo o mais, era a sua e a de Dickie combinadas. Podia ter uma casa na Europa e outra nos Estados Unidos, se quisesse. O dinheiro da casa em Mongibello ainda esperava que alguém o reclamasse, pensou, e devia enviá-lo para os Greenleafs, uma vez que Dickie mandara vender a casa antes de fazer o testamento. Sorriu, pensando na Sra. Cartwright. Ia mandar-lhe uma grande caixa de orquídeas quando as encontrasse em Creta, se é que havia orquídeas em Creta.
Tentou imaginar-se desembarcando em Creta. A longa ilha, cheia de crateras secas com bordas recortadas, o movimento de pessoas no cais quando seu barco entrasse na baía, os pequenos carregadores, ávidos por sua bagagem e suas gorjetas. E teria muito para lhes dar, muito para tudo e para todos. Viu quatro figuras imóveis no cais imaginário, policiais de Creta esperando por ele, pacientemente com os braços cruzados. Ficou tenso de repente e a visão desapareceu. Veria policiais à sua espera em todos os portos onde desembarcasse? Em Alexandria? Instambul? Bombaim? Rio de Janeiro? Não adiantava pensar nisso. Endireitou os ombros. Não adiantava estragar essa viagem pensando em policiais imaginários. Mesmo que houvesse policiais no cais, não significaria necessariamente...
- A donda, a donda? - perguntava o motorista, tentando falar italiano com ele.
- Para um hotel, por favor - respondeu Tom. - Il megilio albergo. Il meglio, il meglio!"

(Trecho de "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith. Capítulo final).

Episodio 1x8 - Nota 9 2024-04-12 14:59:23

Curiosidade: o personagem vivido pelo John Malkovich, chamado Reeves Minot, é um personagem recorrente dos próximos livros de Tom Ripley, ajudando ele em seus crimes.

Episodio 1x8 - Nota 9 2024-04-13 23:42:55

Na verdade, a Netflix não teve envolvimento criativo algum com essa série. "Ripley" foi originalmente escrito e filmado para ser exibido pela Showtime, mas no último minuto a emissora perdeu o interesse, já que agora prefere fazer apenas spin-offs ou revivals, e vendeu a série pronta para a Netflix: https://deadline.com/2023/02/ripley-showtime-andrew-scott-netflix-limited-series-1235255479/


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Allan Veríssimo

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