Escrito por: Pedro Rubens
As produções do meio audiovisual precisam encarar a constante necessidade de interagir com o público. Sejam através de comerciais de TV, games, filmes e séries há um trabalho árduo para imergir o espectador naquilo que ele estará consumindo, de tal forma que haja um aspecto sensorial, permitindo assim que o público se sinta parte daquela obra.
Eden segue o desaparecimento de uma jovem que desencadeia em suscetíveis eventos que trazem à tona a realidade obscura dos habitantes da pequena ilha que dá nome a série.
Acompanhando do início ao fim a história de Scout, o primeiro episódio nos entrega uma história curiosamente estranha e entediante, isso é mérito do roteiro que nos permite imergir naquela realidade.
Tudo na série soa estranho, há essa constante sensação. Desde a primeira cena até a última, a ilha paradisíaca exala um clima misterioso, um suspense cortante e que nos deixa com a constante sensação de que algo vai acontecer, alguma nova página daquela história vai virar e a série vai engrenar, avançar e levar adiante para algum ponto interessante. Só que isso não acontece…
A produção não passa de mais do mesmo: acontece um desaparecimento, há mistérios que vão ser revelados e no final das contas, caso siga a mesma fórmula que o episódio piloto aparentou estar fundamentado, as pessoas vão aprender algo com os erros do passado e buscarão recomeçar a vida.
A fotografia da série é algo surreal, visualmente tudo é muito belo e talvez isso fique por conta do clima paradisíaco da ilha, que inclusive possui uma neblina constante implantando aquele espectro de sonho ou devaneio, como queira. Conversando intimamente com a fotografia, os efeitos sonoros dão um show a parte ao outorgar, de uma vez por todas, a imersão do espectador, não apenas pelas músicas inseridas no piloto, mas principalmente pelo som ambiente que está sempre presente.
Mas atualmente trabalhar com aspectos fotográficos e sonoros não é o suficiente para sustentar uma série, infelizmente. Eden peca por não ter uma história criativa e repetir a mesma ideia que tantas outras séries já fizeram: a protagonista que tem problema com a mãe, as paixões proibidas, o grupo de reabilitação estranho que mais parece uma seita e apresenta esconder muitos mistérios.
Essa falta de criatividade é o fardo que a série tem que carregar, dado que ao atrelar todos esses enredos de forma independente, precisando trabalhar cada um deles de forma isolada e ao mesmo tempo em conjunto com o arco principal tornou-se uma cama de gato estranha, sem nexo e aparentemente sem rumo.
Eden é daquelas séries que conseguem trabalhar o visual e o sonoro de forma invejável, cumprindo assim o papel de nos imergir naquela narrativa, porém mesmo com atores brilhantemente entregues ao personagem apresenta ao público uma mesquinharia de roteiro confuso, aparentemente sem pé nem cabeça.
Nota: 7.5