Escrito por: Pedro Rubens
Encontrar produções nacionais de qualidade não é difícil. Pelo contrário, talvez tenhamos mais produções de altíssimo nível do que o oposto, mas o que geralmente se encontra no headline é aquilo que por vezes já foi tão utilizado que se exauriu, não tem mais graça. Mas encontrar uma produção brasileira que toca em assuntos atuais, que mais parecem feridas de uma sociedade doente, sem ter medo do caminho que vai seguir é algo precioso de se ver.
As Seguidoras, primeira série nacional do Paramount +, apresenta a história de Liv, uma influenciadora digital que leva sua obsessão por ganhar seguidores às últimas consequências e se transforma em uma serial killer acima de qualquer suspeita. O que ela não sabe é que está sendo seguida pela podcaster de true-crimes Antonia que pode colocar tudo a perder.
Protagonizada por Maria Bopp, a série tem um tom muito parecido com o que a atriz já fazia em “Blogueirinha dos últimos dias”, que também serviu como inspiração para definir o tom da personagem. Esse é um dos pontos altos do piloto que conta com uma acidez rica em detalhes, através de falas e hábitos bastante conhecidos mas que encontram no humor o ponto exato para mostrar ao público o que a série quer passar.
O roteiro assinado pela equipe do Porta dos Fundos é certeiro! Sem ter medo de apontar problemas sociais, inserindo as protagonistas em situações corriqueiras, cada personagem tem seu tempo devido em tela e o desenvolvimento necessário para que ao final do episódio o espectador diga: “Quero ver mais!”.
Não que fosse necessário fazer esse tipo de menção, mas o Porta dos Fundos sabe muito bem escrever um roteiro e fazer críticas sociais muito bem fundamentadas, então não tenha medo de assistir achando que, pela sinopse, As Seguidoras será mais uma série fraca e sem conteúdo. Pelo contrário, ela é uma produção muito cheia de si!
Mas nem só de comédia se sustenta essa série. Por se tratar de uma serial killer, o elenco precisou participar de um longo processo de pesquisa, incluindo tutorias com Ilana Casoy, uma das maiores criminologistas do Brasil, conforme apresentado na coletiva de imprensa. A mescla entre comédia e suspense funciona perfeitamente bem, mesmo nos momentos em que a série impõe tensão, ainda assim há alguma piada que não é colocada à toa, mas corrobora com a situação.
É nesse ínterim que a personagem de Gabz, Antonia, se apresenta, não sendo apenas “mais uma podcaster de true-crime”, mas inserindo mais camadas à série, seja através da pauta racial, de gênero ou até pelos medos e incertezas que a personagem tem devido aos últimos acontecimentos da sua vida. Se você leu isso e se perguntou se em um episódio já são apresentadas todas essas características, a resposta é: Sim!
A série não perde tempo em aprofundar os personagens, seja através de flashbacks que mostram a infância de Liv e como ela aprendeu as técnicas que usa para matar suas vítimas, pelas poucas cenas em que Ananda (Raissa Chaddad), demonstra que não é uma digital influencer muito diferente de Liv, ou pelo contexto social onde Antonia se encontra. A série tem o ritmo certo, sabe acelerar o que precisa ser acelerado e sabe colocar o pé no freio e trabalhar determinadas questões quando se faz necessário.
Segundo a criadora, Manuela Cantuária, As Seguidoras foi uma ideia que surgiu de maneira orgânica diante da atual geração e da cultura do cancelamento. Por isso, não teve tanta dificuldade no processo de escrita, que teve como inspiração as séries Barry e Killing Eve, passando por apenas alguns ajustes na sala de roteiristas e logo seguindo para o processo de produção que durou 2 meses.
Questionadas se podemos sonhar com uma segunda temporada, a única resposta que obtivemos foi: “Vamos torcer!”. E cá estamos nós, na torcida para que As Seguidoras seja sucesso e ganhe asas para outras temporadas, spin-offs e tudo o mais que houver possibilidade.
Dentre os últimos lançamentos nacionais, As Seguidoras tem potencial para se destacar como sendo uma das maiores e melhores produções, seja pela homogeneidade entre humor e suspense, pelas protagonistas carismáticas ou pelas suas tantas outras qualidades. Viva a produção nacional!
Nota: 8.0
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tô muito interessada nessa série!
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