Escrito por: Amanda Kassis
A 2ª temporada de ‘Russian Doll’ traz de volta Nadia Vulvokov, uma das personagens mais irreverentes e originais da Netflix. Interpretada por Natasha Lyonne, que também é diretora, roteirista, produtora e co-criadora da série, a sua excelente performance é inegável, mas será que era mesmo necessária essa continuação?
Dois anos após o lançamento da 1ª temporada, não é preciso lembrar muitos acontecimentos para se situar. Para quem está perdido, a narrativa acompanhava Nadia, uma desenvolvedora de jogos, no dia que completava 36 anos. A sua melhor amiga, Maxine, estava fazendo a festa de aniversário em seu apartamento, e Nadia sai bêbada à procura do seu gato de estimação, Oatmeal. Ao encontrá-lo no meio da rua, ela é atropelada e morre.
Nadia começou a reviver o dia do seu aniversário desde a hora da festa e, mesmo que mudasse os acontecimentos, sempre morria de alguma forma. No meio do caminho, ela conheceu Alan, que cometeu suicídio e também estava preso naquele dia. Os dois estão conectados, porque poderiam ter salvo um ao outro. Em meio às introspectivas e até mesmo um multiverso, eles conseguem sair do loop quando se tornam pessoas melhores. A 1ª temporada tem um final fechado, então o que resta para contar?
Aparentemente, na 2ª temporada, o Universo ainda tinha uma lição para ensinar aos dois. Se passaram 4 anos desde que Nadia e Alan se conheceram, e ela está prestes a completar 40 anos. Ambos estão vivendo suas rotinas, mas não estão plenamente felizes. Então, em um dia qualquer, Nadia embarca no trem 6622 e, quando desembarca, está em 1982 – o ano em que nasceu. Lá, ela tem a oportunidade de encontrar sua avó Vera, o ex-namorado vigarista de sua mãe, uma versão mais jovem de Ruth – que é sua mãe de criação – e outros novos personagens.
Qual é o plot twist? Ela está no corpo de sua mãe, Nora, que está grávida de Nadia. As duas não dividem a consciência, portanto não conseguem conversar uma com a outra. A narrativa não se esforça para dar contexto à audiência, você se sentirá tão perdido quanto a própria Nadia, tentando desvendar o tempo em que ela está, as relações familiares e, principalmente, o que a mãe dela apronta quando Nadia volta para o presente.
Entre indas e vindas ao passado, a personagem principal começa a entender melhor Nora e a perdoá-la pelas mágoas que carrega desde a infância. Nada de forçar diálogos e cenas para que quem assiste diga “ah, entendi onde estamos” – então, boa sorte com isso!
A temporada também conta com um mistério que motiva Nadia a voltar diversas vezes ao passado: tentar encontrar a herança familiar, 151 moedas de ouro, que sua mãe roubou de Vera nos anos 80, para mudar o futuro e melhorar a relação entre as três mulheres da família Vulvokov. Será que ela pode mudar o passado ou tudo está fadado a se repetir?
A narrativa de viagem no tempo não se desgasta, porque quando você começa a cansar do visual dos anos 80, o trem se revela mais complexo. Quem se lembra da triquetra ou “O Círculo da Existência” de ‘Dark’ (Netflix)? Além de 2022 e 1982 estarem conectados, há um terceiro ponto: o ano de 1944 – quando Nadia está no corpo da sua avó judia, que se esconde dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. É lá que se originou a saga pela busca da herança familiar.
Entretanto, não se pode deixar de falar do grande ponto negativo da temporada: o envolvimento de Alan. O seu plot é completamente desnecessário. Ao embarcar no trem, ele é levado para 1962, quando ocupa o corpo de Agnes, sua avó, que nasceu em Gana e está estudando na Alemanha Oriental, antes da queda do Muro de Berlim. Por mais que sirva para um processo introspectivo do personagem, as poucas aparições desse plot o torna vazio e Alan não chega verdadeiramente a lugar algum.
Por fim, deve-se voltar à pergunta que começou esse texto: ‘Russian Doll’ precisava de uma 2ª temporada? A resposta é talvez. Por mais que seja tecnicamente muito bem executada, que a personalidade de Nadia seja um sopro de ar fresco entre tanta mesmice, que o mistério envolvendo a herança seja interessante e a cena final feche o ciclo da história de maneira poética, há muitas coisas desnecessárias.
Para quem quiser assistir, não é uma perda de tempo. A audiência entenderá o porquê do nome da série, provavelmente sentirá uma maior profundidade e conexão com a personagem principal e ainda terá uma aula de História com alguns fatos sobre o Holocausto que não costumam ser mainstream em produções americanas. Já para quem quiser pular essa temporada e considerar a série finalizada, garanto que não sentirá falta.
Nota: 8.5
Bem, não era necessário uma segunda temporada, mas tivemos e nao é grande coisa em minha opinião. Como esperado não continua diretamente a 1a temp, mas segue no mesmo estilo de viagem no tempo com outra história que nao me agradou. Não recomendo...
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