Escrito por: Pedro Rubens
Criar um universo compartilhado onde inúmeros filmes se conectem entre si, posteriormente inserindo séries e entrelaçando-os de tal forma que funcionem em uníssono deve ser um trabalho dos mais árduos possíveis. O MCU, que já não é mais apenas cinematográfico, expandiu-se e por um certo tempo restringiu-se ao que estava ligado aos filmes, mas agora, de uma vez por todas, conseguimos cortar o cordão umbilical.
Moon Knight, nova série do Disney+, insere um novo herói ao universo expandido da Marvel. A história se passa através das lentes distorcidas da mente de Steven Grant e seus repentinos e complexos apagões. Entre lembranças e esquecimentos, a dupla personalidade do protagonista é apresentada e assim, embarcamos numa aventura espetacular.
O roteiro da série é muito bem elaborado, entregando não apenas representatividade como também inserindo novos aspectos mitológicos para um MCU que, até então, só havia utilizado da nórdica e de forma bem pincelada. Embora estes sejam aspectos positivos, a fórmula Marvel se faz presente e o que parecia ser inovador se repete como mais do mesmo.
Mas esquecendo-se da fórmula, em Moon Knight vemos a mitologia egípcia sendo utilizada com força, vigor e sem medo. Pelo contrário, o roteiro se utiliza de peças chave como se o público já tivesse total domínio daquilo que estavam tratando. Isso não implica dizer que as coisas ficam mal explicadas, mas que talvez subentender um conhecimento prévio dos espectadores tenha deixado a experiência imersiva de tal forma que, em algumas poucas vezes, tornou-se confusa.
Mas a maneira como a série nos apresenta ao personagem é bem trabalhada. Por mais que em dados momentos a perspectiva de dupla personalidade conectando-se através de espelhos e vidros aparente ser cansativa, a direção transforma em algo tão orgânico que no final do primeiro episódio isso já é algo habitual para o público.
Mas nada disso seria possível se não fosse a atuação indescritível de Oscar Isaac. Cheio de si e ao mesmo tempo cheio do personagem, o ator entrega uma das melhores atuações do MCU até aqui e de fato, mostra a que veio. Seja nos momentos de insanidade, no drama pesado ou em cenas de ação, o brilho de Oscar nunca se apaga e ele mostra que tem total domínio sobre aquilo que está fazendo.
Os acertos de elenco não se restringem apenas ao protagonista mas seu par romântico interpretado por May Calamawy, atriz Egípcia-Palestina, e o antagonista vivido por Ethan Hawke, são escalações que nos dão a certeza de que a Marvel sabe, e muito bem, escolher os atores certos para os papéis certos.
E por mais que no início da temporada os efeitos visuais não fossem dos melhores, há de se concordar que com o passar dos episódios as coisas foram ficando mais naturais e visualmente interessantes. Mas há algo que desde o início não deixou, nem um pouco, a desejar, foram as cenas de ação… Moon Knight não tem medo do exagero, de sangue e nem tampouco se utiliza de cortes de câmera para montar as lutas, pelo contrário, algumas são planos sequência de tirar o fôlego!
Acima de qualquer coisa, talvez o maior e melhor feito da série tenha sido se desvincular de vez do arco criado para o cinema, entre a Fase 1 a 3 do MCU. Ainda que a referência ao blip exista, todo o restante do enredo é completamente à parte dos filmes e cria sua própria narrativa, ambientação e história de forma que você consegue assistir sem precisar se esforçar para ligar os pontos com o filme. Aqui, finalmente, temos uma história independente e que funciona!
Talvez isso se dê pelo fator representatividade, que está aparente a todo momento em todos os episódios da temporada. Ter a certeza de que sim, de fato, temos o primeiro herói egípcio é algo que enche o coração de alegria por perceber que há força e poder em outros lugares, para além de New York ou Londres.
Moon Knight finaliza sua temporada com um plot que abre brechas para uma próxima leva de episódios e ao mesmo tempo que segue carreira solo, têm potencial para se vincular ao MCU. Que tenhamos outras tantas séries advindas de culturas distantes e povos esquecidos, para lembrarmos que onde há gente há poder.
Nota: 8.83
Melhor do que eu esperava, mas, ainda assim, nao me atrai tanto. Valeu ver pela curiosidade, pois nao conhecia essa personagem ...
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