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Concordo que é forçado sim, e bastante! A essa altura do anime e tem gente relutante em aceitar que o L é extremamente subordinado à conveniência do roteiro.
É possível admitir que o L seja extremamente inteligente, mas é difícil engolir que as suas previsões sejam sempre tão acuradas, especialmente porque elas são trazidas à tona com muito poucos dados. Eu penso que o principal problema do personagem é que ele raramente considera outras possibilidades para além das que ele diz. Essa absoluta precisão dele é ridiculamente oportuna. --
Concordo quando a Atsuko Jackson diz que o assassino da história tem um perfil, então isso pode ser um indício que existe uma segunda pessoa imitando o original, pois o modo de operação adotado foi muito diferente. Mas essa é uma possibilidade, não garantia. E se, por exemplo, o Kira tivesse mudado o procedimento para uma finalidade ainda desconhecida? Ou se na verdade isso foi apenas um engodo? O L nem esboçou refletir nessas chances, porque o cara é "tão foda" que suas conclusões são SEMPRE certeiras.
Agora, discordo da Atsuko quando ela fala de "entonações e diferentes escolhas de palavras para mulher e homens de idades diferentes". Aí quem forçou a barra foi ela. O L não apresentou nenhuma dessas considerações no anime até o momento, então isso é inferência dela, provavelmente com base em uma suposta expertise das minúcias do idioma que, pelo visto, chega a ser superior a dos personagens do anime, já que ninguém na cena fez alguma ressalva do tipo: "olha lá, essa pessoa fala como uma jovem mulher japonesa". Seguindo o argumento da Atsuko, caso isso ocorresse, eles poderiam atinar que era uma imitadora, pois o grupo de investigação tem certeza (com base em nada além da premissa sexista de que todo assassino sociopata por padrão seja do gênero masculino) que Kira é um homem e em idade estudantil.
Acrescento ainda que:
a) As entonações e os léxicos marcados por gênero não são necessariamente estanques e em todo Japão não se fala do mesmo jeito conforme prescreve a gramática. Sotaques e dialetos estão aí pra isso. Sobretudo na informalidade, homens e mulheres não monitoram formas de tratamento, ritmo ou cadência de fala em nenhum lugar no mundo, e isso não seria diferente no Japão. Além disso, se trata de uma gravação e das amadoras (ou seja, perda relevante de qualidade sonora em relação ao som natural) e que foi manipulada por um programa de distorção de voz. Mesmo que o L fosse um linguista com especialização em fonética forense e tivesse consigo equipamentos de altíssima qualidade capazes de alcançar a voz por trás da distorção, ele levaria muito tempo pra chegar à conclusão de que quem falava era uma "mulher entre seus 15-30 anos".
b) Porém aceitemos que o L é um linguista com especialização em fonética forense ou algo parecido e tem consigo meios de descobrir que quem falava era uma mulher entre seus 15-30 anos, por causa, obviamente, do raciocínio que homens e mulheres japonesas possuem "entonações e diferentes escolhas de palavras": o cara sequer revelou cogitar que simplesmente o Kira podia ter obrigado alguma mulher entre seus 15-30 anos a gravar todas aquelas fitas. Desse modo, continuaria sendo o Kira por trás de tudo e não um/a imitador/a. --
Quanto ao Lucas Thurow, o argumento dele é falho basicamente porque não dá pra comparar o "espectador mais atento" com o L. O conhecimento sobre os fatos que a pessoa que está assistindo tem são nitidamente superiores ao do personagem, pelamor. O/a espectador/a, por estar acompanhando panoramicamente tudo o que acontece em todos os núcleos, sabe COM TODA CERTEZA que o Kira não pode matar sem saber o nome da vítima. L, só sabe o que a narrativa lhe permite saber, ou seja: mesmo ele assumindo que o Kira não pode matar sem saber o nome da vítima, ele NÃO TEM GARANTIAS, pois o Kira podia simplesmente estar escondendo o jogo justamente para dificultar as análises da equipe de investigação. --
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Não precisa ser linguista com especialização em fonética forense, precisa saber falar japonês. Japonês, por exemplo, tem diversas formas de falar a palavra “eu”. Watashi,atashi,boku,ore, watakushi, oira e etc. Crianças falam de si mesma na terceira pessoa, btw. Homem de 20-30 não fala boku,atashi. Mulher de 30-50 não se refere como ore, oira e etc. E eu só falei da forma como se fala “eu”. Se eu for entrar em keigo, forma informal e etc. não saio daqui hoje. Entonações então? Putz, aí é que não saio daqui nunca. O ponto é, se você fala japonês, sabe a faixa de idade da pessoa com quem você falando. Não precisa ser um detetive fodão. A misa vacilou feio falando da forma como ela fala no dia a dia. O raito até aqui, se mantinha no keigo padrão, não dava pra acertar a faixa de idade dele, por exemplo.
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